Falecido nesta quarta-feira aos 56 anos, vítima de câncer, o fundador da Apple deixou legiões de fãs de seus iPhones, iPods e iPads. Fixado em aparelhos eletrônicos desde garoto, Jobs revolucionou a tecnologia cotidiana.
Jobs exibe um computador da Apple
Steve Jobs, o empresário do Vale do Silício que reinventou a
indústria mundial da computação, da música e dos celulares, e mudou os
hábitos cotidianos de milhões ao redor do mundo, morreu nesta
quarta-feira (05/10), aos 56 anos. Jobs lutava contra um câncer de
pâncreas desde 2004.
Fãs prestaram homenagens ao criador do iPhone, do iPod e do iPad em
frente a lojas da Apple em todo o mundo, de Los Angeles a Sidney. Muitos
sites, inclusive o da Apple, foram transformados em memoriais online.
Em frente à casa de Jobs em Palo Alto, Califórnia, vizinhos e amigos
deixaram flores e escreveram mensagens sobre a calçada. "Obrigado por
mudar o mundo", dizia uma delas.
"O brilhantismo, a paixão e a energia de Steve foram a fonte de
inúmeras inovações que enriquecem e melhoram a vida de todos nós. O
mundo é incomensuravelmente melhor por causa de Steve", declarou a
Apple.
Primeiros passos
Jobs nasceu em São Francisco em 24 de fevereiro de 1955. Filho de um
estudante sírio e de uma jovem estudante que na época ainda não eram
casados, foi adotado por Clara e Paul Jobs, um casal de trabalhadores de
Palo Alto, que alimentou seu interesse precoce por eletrônicos.
Jobs viu seu primeiro computador aos 11 anos, no Centro de Pesquisa
Ames, da Nasa, e conseguiu um trabalho temporário na Hewlett-Packard, a
HP, antes mesmo de terminar o nível médio.
Em 1972, começou a cursar a escola Reed College, em Portland, Oregon,
mas abandonou os estudos seis meses depois. "Eu não tinha ideia do que
queria fazer com a minha vida e de como a faculdade me ajudaria a
descobrir", dizia Jobs.
Ao retornar para a Califórnia em 1974, Jobs trabalhou para a empresa
de videogames Atari. Enquanto isso, frequentava reuniões do Homebrew
Computer Club, um grupo de fãs de computador.
Um dos membros do clube era Steve Wozniak, um ex-colega de escola
alguns anos mais velho. Juntos, os dois Steves fundaram a Apple na
garagem dos pais de Jobs, no Vale do Silício, em 1976.
Com a característica camisa de gola alta, Jobs apresenta o iPhone 4
Do Vale do Silício para o mundo
A primeira criação de Jobs e Wozniak foi o Apple I, seguido do Apple
II, em 1977. O Apple II foi o primeiro computador pessoal a ganhar uma
legião de seguidores. Tornou-se tão popular que Jobs chegou a valer 100
milhões de dólares aos 25 anos.
O californiano repetiu o feito em 1984, com o Macintosh. Conhecido
como Mac, o dispositivo foi construído a partir da tecnologia de ponta
desenvolvida pela Xerox Parc e estabeleceu a experiência de computador
pessoal como a conhecemos hoje.
No ano seguinte, em 1985, com o preço das ações da Apple caindo,
intensificaram-se os conflitos entre Jobs e John Sculley, o então CEO da
empresa. A rebeldia característica de Jobs fez com que ele saísse da
empresa.
Antes de retornar à Apple, Jobs passou pela Next – fabricante de
computadores que posteriormente seria comprada pela Apple –, e pela
Pixar, um estúdio de animação por computadores comprado de George Lucas
por 10 milhões de dólares. O estúdio iniciou sua trajetória de sucesso
em 1995, com o filme Toy Story, o primeiro longa-metragem totalmente animado por computadores.
Jobs vendeu, então, a Pixar à Walt Disney por 7,4 bilhões de dólares
em um negócio que lhe garantiu um posto na diretoria da Disney e 138
milhões em ações, responsáveis pela maior parte de sua fortuna.
Em 1977, o visionário voltou à Apple, para, depois de alguns anos,
lançar uma sequência de produtos que novamente derrubariam a ordem
estabelecida pelas grandes indústrias. O primeiro deles foi o iMac.
Lançado em 1988, o computador de plástico colorido vendeu 2 milhões de
unidades em seu primeiro ano.
Na década seguinte, Jobs manteve a Apple rentável, e a popularidade
da empresa explodiu nos anos 2000, com o iPod, o iPhone e o iPad –
lançados em 2001, 2007 e 2010, respectivamente. O poder de Jobs sobre os
amantes de gadgets e da cultura pop chegou ao ponto de, na véspera do
lançamento do iPhone, seguidores fiéis da marca dormirem nas calçadas
diante de lojas da Apple para comprar o novo aparelho.
Três anos depois, no lançamento do iPad, as filas davam a volta nos
quarteirões. A última versão do iPhone foi lançada nesta quarta-feira e
talvez tivesse havido mais entusiasmo se o próprio Jobs tivesse
apresentado a novidade como de costume, com seus modos teatrais, calça
jeans e camiseta de gola alta.
Jobs deixou o cargo de presidente-executivo da Apple em agosto de 2011
Senso de mortalidade
Inicialmente, o diagnóstico de um tipo raro de câncer de pâncreas em
2004 afetou apenas parcialmente Jobs e a Apple, com o CEO da empresa
afirmando que a doença era tratável. Mas a saúde do californiano
deteriorou-se rapidamente ao longo do últimos anos e, após dois
afastamentos, ele deixou o cargo de presidente executivo e tornou-se o
presidente da Apple em agosto último.
Há seis anos, Jobs declarou que seu senso de mortalidade servia como
uma espécie de motivação. "Pensar que estarei morto em breve é a mais
importante ferramenta que já encontrei para me ajudar a tomar grandes
decisões", disse. "Porque quase tudo – todas as expectativas externas, o
orgulho, o medo da vergonha e do fracasso – essas coisas simplesmente
somem diante da morte, deixando apenas o que realmente importa."
Em setembro deste ano, a revista Forbes avaliou o patrimônio líquido
de Jobs em 7 bilhões de dólares. Amante da boa comida, do budismo e da
filosofia New Age, Jobs deixará como herança, além de sua presença carismática, seus adorados iPhones, iPods, iPads e iMacs.
"Para algumas pessoas, é como a morte de Elvis Presley ou John
Lennon, é uma mudança dos tempos", disse Scott Robins, um barbeiro e fã
da Apple há quase 20 anos, que foi à loja da marca em São Francisco
assim que soube da morte de seu fundador. "É o fim de uma era, o fim da
Apple como a conhecemos. É como se fosse o fim dos inovadores."
Em 2011, a Apple tornou-se a segunda maior empresa dos Estados Unidos
em valor de mercado. Em agosto, ela superou a Exxon Mobil como a
companhia mais valiosa do país.
LPF/rtr/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer
Nenhum comentário:
Postar um comentário